segunda-feira, 16 de setembro de 2013


Descrição da Virtude Vicentina da SIMPLICIDADE

Para São Vicente, a simplicidade significa falar, buscar e praticar a verdade.

Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará” (Jo 8, 31-32).

Simplicidade significa resistir à tentação da corrupção, difamação dos outros ou qualquer coisa que envolva a mentira.

O Pe. Robert Maloney CM, ex-superior geral da Congregação da Missão, propõe algumas formas práticas de simplicidade, em sua palestra “As Cinco Virtudes Vicentinas”, feita aos ramos da Família Vicentina, em Roma, março de 2008:

1. Falar a verdade

Falar a verdade com consistência é uma disciplina extremamente difícil. Muitas vezes é mais fácil não dizer a verdade - ou postergar a verdade - do que enfrentar uma situação incômoda que ela pode causar.

A pessoa simples sabe como dizer a verdade, com respeito e ternura.  Somos tentados a confundir a verdade, quando nossa própria conveniência está em jogo ou quando ela nos embaraça pessoalmente.

É igualmente difícil ser verdadeiro, quando damos nossa palavra, fazemos uma promessa ou firmamos um compromisso. Quando falamos algo hoje, ele é verdadeiro ou falso hoje. Quando nos comprometemos com algo no futuro, entretanto, ele é verdadeiro somente na medida em que nós o mantemos verdadeiro.

A verdade, neste caso é o mesmo que fidelidade. É neste sentido que Jesus é verdadeiro conosco: Ele promete ser fiel a nós e o é, efetivamente, até o fim. 

2. Testemunhar a verdade

Dar o testemunho da verdade é uma virtude central para a vida cristã, especialmente segundo o Evangelho de São João: Jesus é a verdade (Jo 14,6). Quem age na verdade, permanece na luz (Jo 3,21). Quando vier o Espírito, Ele nos guiará no sentido da verdade plena (Jo 16,13). Testemunhar a verdade não é apenas ser honesto, mas evangelizar, indicando que Deus é a essência da verdade.

3. Buscar a verdade

Bernard Häring chama esta busca de “a dedicação à verdade”, o que significa aprendê-la sempre, através da escuta, da interação com os outros, da leitura, da busca pela educação e pela cultura.

São Vicente de Paulo buscava a verdade nas experiências comuns da vida, na visita ao Pobre, na conversa com evangelizadores, em uma conferencia ou discurso, ou mesmo em eventos tristes - como a perda de alguém, um desastre ou uma situação de perigo. A verdade se faz clara também em nossas orações, se deixamos que o Espírito Santo a mostre para nós, e se a tornarmos uma ação concreta em nossa vida.

4. Estar na verdade

Isto é o que comumente chamamos de simplicidade de intenção, pureza de coração ou referência de tudo a Deus. Jesus buscava sempre saber a vontade do Pai e lutava contra desejos contrários, quando resolvia realizá-la.

Devemos fazer o mesmo no dia-a-dia. O conforto, o poder, a glória e a riqueza competem com o amor a Deus e ao próximo. Algumas vezes eles se confundem com a verdade, porque são motivos de expressões de aceitação e mesmo de admiração dos outros, se os temos. 

5. Praticar a verdade

Isto significa realizar obras de justiça e caridade, fazendo com que a verdade seja criativamente viva em nosso mundo. Significa fazer com que nossas palavras e ações deem vida ao Evangelho. A verdade não pode ser puramente verbal: tem que ser praticada.

6. Viver a verdade de forma integral

Um cristão autêntico deve ser consistente com a verdade, em todas as circunstâncias, como “uma só alma”. É difícil conceber que um cristão que professe a verdade evangélica na Igreja, possa se deixar envolver de forma contínua por pecados como a corrupção no trabalho, ou como a infidelidade na vida em família, ou como o julgamento maledicente na vida social. Podemos pecar eventualmente, mas buscar consistentemente a conversão, através do arrependimento e do intúito de não pecar mais.

A simplicidade é uma virtude extremamente difícil de se exercitar em um mundo que valoriza nossa aceitação a qualquer preço pelo meio em que vivemos, em detrimento de nossas virtudes. A avaliação das pessoas sobre nós mesmos sempre está ligada à nossa capacidade de falar e agir conforme a “massa”, e esta, por natureza, busca o consumo, a glória e o poder.

Se o cristão virtuoso não se distanciar das demandas da massa, dificilmente poderá viver segundo a virtude.


A forma mais eficaz para o cristão de se manter na simplicidade é confiar tudo a Deus e não aos homens, sejam os momentos de tristeza ou os de glória, seja o fracasso ou o sucesso, seja a riqueza ou as dificuldades financeiras: o equilíbrio estável da vida, na verdade, depende de nos voltarmos para dentro de nós mesmos e não para fora, só assim somos verdadeiramente livres.

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