Homilia do Papa Francisco de 13-10-2013 sobre a lógica
do antes e do depois
“Temos que entrar na “lógica do antes e do depois” para que não nos
convertamos em cristãos tíbios, ou os que se movem ao sabor dos ventos, ou
mesmo, em hipócritas.”
O Papa fez esta declaração, fazendo referencia à Carta aos Romanos (6,
19-23), em que São Paulo “busca fazer-nos entender este mistério tão grande de
nossa redenção, de nosso perdão, do perdão de nossos pecados, em Cristo Jesus.”
O apóstolo adverte que não é fácil entender e sentir este mistério. Para ajudar-nos a compreendê-lo, usa a lógica
do antes e do depois: antes de Jesus e depois de Jesus.
Na Carta aos Filipenses, (Filipenses 3,8), São Paulo também indica:
“perdi tudo e tudo considero lixo, para ganhar a Cristo y viver por Ele”. “São Paulo sentia muito fortemente que a fé
nos faz justos, nos justifica diante do Pai.
Paulo abandonou ao homem de antes (velho) e se converteu no homem do
depois (novo), com o objetivo de ganhar a Cristo.”
Por isto, Paulo indica um camino para viver segundo esta lógica do antes
e do depois: é o mesmo que antes oferecíamos nossos membros à impureza e à
maldade, para que fizessem o mal, agora oferecemos nossos membros à justiça,
para a nossa santificação.
O que fez Cristo em nós é uma ‘re-criação’: o sangue de Cristo nos
re-criou, em uma segunda re-criação. E,
se antes toda a nossa vida, nosso corpo, nossa alma, nossos hábitos, estavam no
caminho do pecado e da iniquidade, depois desta re-criação, devemos fazer um
esforço para caminhar pelo caminho da justiça e da santificação. Paulo utiliza esta palavra: santidade. Todos fomos batizados. Naquele momento, éramos crianças, nossos
país, em nosso nome, pronunciaram o ato de fé: creio em Jesus Cristo que nos
perdoou os pecados.
Esta fé, devemos reasumí-la y levá-la em frente, através de nosso modo
de viver. E viver como cristão é levar
em frente esta fé em Cristo, esta recriação.
Devemos levar em frente as obras que nascem desta fé. O importante é a fé, mas as obras são o fruto
desta fé: levemos em frente estas obras para a santificação. Isto significa: a primeira santificação que
realizou Cristo, a primeria santificação que recebemos no batismo, deve
crescer, deve seguir em frente.
Na realidade, somos fracos e muitas vezes cometemos pecado. Isto significa que não estamos no caminho da
santificação? Sim e não. Se você se
acostuma a uma vida onde você crê em Jesus Cristo, mas vive como quer, então
você não se santifica, não funciona, é um contra-senso. Mas se você diz: “eu
sou pecador, sou fraco” e vai até o Senhor e Lhe diz:”Senhor, você tem a força,
dá-me a fé; você pode curarme”, através do sacramento da reconciliação, então
também nossas imperfeições se fazem introduzir neste caminho de santificação.
Portanto, se está sempre antes e depois: antes, o ato de fé. Antes da aceitação de Jesus Cristo, que nos
recriou com seu sangue, estávamos no caminho da injustiça; depois, estamos no
caminho da santificação; no entanto, devemos tomá-la a sério. E isto significa realizar obras de justiça. Antes de mais nada, adorar a Deus; e depois,
fazer o que Jesus nos aconselha: ajudar aos outros, dar de comer aos famintos,
dar água aos sedentos, visitar os enfermos, visitar os presos. Estas obras que Jesus fez em sua vida, obras
de justiça, obras de recriação. Quando
damos de comer a um faminto, recriamos nele a esperança.
Mas se aceitamos a fé e depois não a vivemos, somos cristãos só de
memória: sim, sou batizado, tenho a fé do batismo, mas vivo como posso.
Sem esta consciência do antes e do depois, nosso cristianismo não sirve
ninguém. Mais ainda, torna-se hipocrisia:
eu me digo cristão, mas vivo como pagão.
Algumas vezes dizemos: “cristãos de meia tijela”, que não consideram
seriamente o fato de ser “santificados pelo sangue de Cristo”. E se não tomamos a sério esta santificação,
passa-se a ser cristãos tíbios: sim, sim, não, não, não... Temos que ter a convicção de Paulo: perdi
tudo e tudo considero lixo, com o objetivo de ganhar a Cristo e viver Nele.
Esta era a “paixão de Paulo”. E
esta deve ser a paixão de um cristão: deixar tudo o que nos afasta de Cristo, o
Senhor; deixar tudo o que nos afasta do ato de fé Nele, do ato de fé na
recriação, por meio do seu sangue, e fazer tudo novo. Tudo é novidade em Cristo, tudo é novo!
Este é um objetivo possível? Sim! Paulo o fez. Muitos cristãos o fizeram e o fazem. Não somente os santos, os que conhecemos;
também os santos anônimos, os que vivem o seu cristianismo a sério. Talvez a pergunta que hoje podemos fazer é:
“quero viver meu cristianismo a sério?
creio que fui recriado pelo sangue de Cristo e quero levar em frente
esta recriação, até o dia em que se veja a Cidade Nova, a criação nova? Ou estou um pouco na metade do caminho?”
Peçamos a São Paulo que nos fala hoje com esta lógica do antes e do
depois, para que nos dê a graça de viver a sério como cristãos, de crer
verdadeiramente que fomos santificados pelo sangue de Jesus Cristo.
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